Os prisioneiros Políticos Mapuche detidos na prisão de Angol, RODRIGO HUENCHULLAN CAYUL e JAIME HUENCHULLAN CAYUL, detidos no contexto da “operación huracán”, declaramos à opinião pública nacional e internacional o seguinte:
1. Rechaçamos de maneira categórica a montagem judicial-midiática que foi preparada pelo Ministério Público, aprovada pelo governo da sra. Bachelet, para tentar fazer a opinião pública acreditar que existe uma coordenação entre líderes para a queima de caminhões. A grosseira montagem que tenta nos vincular com os atentados incendiários, tem apenas o propósito de deslegitimar as reivindicações territoriais e políticas que vem sendo trabalhada pela Comunidade Autônoma Temucuicui durante as últimas décadas e nos enquadrar em um mero assunto judicial. Também manifestamos que essa estratégia obedece aos interesses econômicos e políticos presentes no território mapuche e aos quais o governo mais uma vez sua submissão.
Consideramos que nossa detenção deve-se ao fato de que, em muitas oportunidades, assumimos o papel de líderes, que desempenhamos um papel público e, portanto, somos facilmente identificáveis dentro da comunidade e no movimento mapuche em geral. Pelo mesmo motivo e tendo em conta tanto as realizações territoriais de Temucuicui como a
reconstrução de nosso território ancestral, bem como as numerosas denúncias tanto nacionais como internacionais que fizemos para informar os abusos cometidos pelas forças repressivas policiais chilenas com nossos idosos, mulheres e crianças; os procedimentos viciosos levados pelo Ministério Público contra nossos peñi* e lamngen*, entre outros, é que qualificamos a “operación huracán” como uma vingança política do
governo da presidenta Bachelet contra os líderes mapuches.
2. A respeito da Coordinadora Arauco Malleco**, negamos a tese da promotoria que nos faz aparecer como subordinados desta organização. Apesar de termos apontado em outras ocasiões que respeitamos a postura política da CAM, não a compartilhamos nem necessitamos que outras organizações para nos dar diretrizes para ampliar nossas reivindicações. A Comunidade Autônoma de Temucuicui têm uma linha de pensamento e ação política própria, que foi mostrada todas as vezes que foi convidada a expor nossos líderes, tanto em outras comunidades, como em universidades e atos públicos.
3. Essa “estratégia” constitui para nós o crime contra a humanidade de perseguição política, em que se configurou num ataque sistemático do governo contra líderes mapuche por razões raciais e políticas, através da prisão, tentando nos relacionar com atentados terroristas.
Assumimos o encarceramento, com dignidade e paciência, sabendo que as mentiras da promotoria não vão prosperar.
Finalmente, temos que agradecer as pessoas que expressaram seu apoio e que sabem que esta montagem finalmente terminará em absolvição.
A Resistência para continuar existindo como mapuche não é terrorismo.
RODRIGO HUENCHULLAN CAYUL
JAIME HUENCHULLAN CAYUL
(via Publicacion Refractario)
*Irmão/Irmãs em mapudungún
**Organização de resistência clandestina que reinvindica a autonomia do povo Mapuche no $hile, que se responsabilizou pelos ataques incendiários contra caminhões madeireiros em Wallmapu, na qual a promotoria acusa a Comunidade Autônoma Temucuicui.